O rádio hoje : Quais as diferenças entre AAC e MP3?
26/06/2023 18:07 em Tecnologia

Com a popularização dos serviços de streaming de música, a qualidade do áudio se tornou um ponto fundamental para a experiência do usuário.

Você sabia que essa experiência é afetada principalmente pelo formato de áudio utilizado nas transmissões?

Neste post, vamos explicar a diferença entre dois formatos bastante populares: AAC e MP3. Discutiremos as principais diferenças, incluindo a qualidade do áudio, a taxa de bits, a compatibilidade, e outros fatores importantes que afetam a experiência do usuário de streaming.

Aproveite a leitura para conhecer um pouco sobre a história do MP3 e AAC.

A história

A história do formato de compressão de áudio MP3 é fascinante e começa no início da década de 1980, quando os primeiros dispositivos de armazenamento de música digital começaram a aparecer no mercado.

Naquela época, a maioria dos arquivos de áudio digitais eram grandes e ocupavam muito espaço em disco, o que tornava difícil armazená-los e compartilhá-los com outras pessoas.

Foi em 1987 que um grupo de pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Circuitos Integrados na Alemanha iniciou o projeto de desenvolvimento de um algoritmo de compressão de áudio digital, que pudesse reduzir o tamanho dos arquivos de áudio sem comprometer a qualidade sonora. O projeto foi liderado por Karlheinz Brandenburg, que se dedicou ao estudo da percepção de áudio humano.

A primeira versão do algoritmo de compressão de áudio desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer foi chamada de ISO/MPEG Audio Layer-1. A tecnologia permitiu a compressão de arquivos de áudio para cerca de 1/10 do tamanho original, tornando possível armazenar muito mais música em um único dispositivo de armazenamento.

No entanto, o formato MPEG-1 Audio Layer-1 não teve muito sucesso na época, pois a qualidade sonora não era tão boa quanto a dos formatos de áudio digitais não comprimidos. Foi só em 1991 que o Instituto Fraunhofer lançou a segunda versão do algoritmo de compressão de áudio, chamada de MPEG-1 Audio Layer-2.

A qualidade sonora do MPEG-1 Audio Layer-2 era significativamente melhor do que a do MPEG-1 Audio Layer-1, mas ainda assim não era perfeita. Foi só em 1993 que o Instituto Fraunhofer lançou a terceira versão do algoritmo de compressão de áudio, chamada de MPEG-1 Audio Layer-3, ou MP3.

Com o surgimento do MP3, a música se tornou um arquivo digital que podia ser facilmente transmitido pela internet e armazenado em dispositivos portáteis.

Ele rapidamente se tornou o formato de compressão de áudio mais popular do mundo. Em 1994, a primeira música MP3 foi criada e compartilhada na internet, e em 1997, o primeiro tocador de MP3 foi lançado pela empresa Diamond Multimedia.

O sucesso do MP3 levou a uma verdadeira revolução na indústria da música, tornando possível a criação de serviços de streaming de áudio.

No entanto, o MP3 não era o único formato de áudio digital disponível na época.

O AAC também foi desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer, dessa vez em 1997 como uma alternativa ao MP3, com uma qualidade de áudio superior e uma taxa de compressão mais eficiente.

O AAC rapidamente se tornou popular na indústria da música, especialmente após o lançamento do iTunes da Apple em 2001. O iTunes foi o primeiro serviço de música digital a adotar o AAC como formato padrão, e a popularidade do serviço ajudou a impulsionar a adoção do AAC em outros serviços de música.

Em 2004, a Apple lançou o iPod mini, que suportava a reprodução de arquivos AAC e ajudou a popularizar ainda mais o formato. O AAC também foi adotado por outros dispositivos de áudio digital, como smartphones, tablets e sistemas de som de alta qualidade.

Em 2006, o AAC foi incluído como parte do padrão MPEG-4, juntamente com outros formatos de áudio e vídeo. Isso ajudou a padronizar o formato e garantir que ele fosse suportado pelos dispositivos.

Até hoje os formatos MP3 e AAC continuam sendo muito utilizados.

Agora que você já conheceu parte da história do desenvolvimento desses formatos de áudio, vamos às principais diferenças entre eles.

Eficiência na compressão

O MP3 e o AAC utilizam técnicas de compressão com perda de dados para reduzir o tamanho dos arquivos de áudio sem comprometer a qualidade sonora. Essa técnica envolve a remoção de informações de áudio que não são consideradas importantes para o ouvinte, como frequências sonoras que não são perceptíveis pelo ouvido humano. No entanto, existem diferenças na forma como o MP3 e o AAC realizam essa compressão.

O MP3 utiliza uma técnica de compressão com perda de dados conhecida como codificação de transformada discreta de cosseno (DCT). Esta técnica divide o áudio em blocos de tempo e frequência, e aplica uma transformação matemática para reduzir a redundância dos dados. O resultado é um arquivo de áudio com tamanho significativamente menor, mas com perda de qualidade de áudio perceptível.

Por outro lado, o AAC utiliza uma técnica de compressão com perda de dados conhecida como codificação de transformada discreta de Fourier (DFT). Esta técnica divide o áudio em bandas de frequência, e aplica uma transformação matemática para eliminar a redundância dos dados. Em seguida, utiliza uma técnica mais avançada chamada codificação de espectro de frequência de banda ampla (SBR), que permite que as frequências mais baixas do áudio sejam mantidas em um formato de alta qualidade, enquanto as frequências mais altas são comprimidas em um formato de menor qualidade.

Essa técnica de compressão mais eficiente permite que o AAC ofereça uma qualidade de áudio superior em relação ao MP3, mesmo em taxas de bits mais baixas.

Taxa de bits

A taxa de bits é uma medida da quantidade de dados que são transmitidos ou armazenados em uma determinada quantidade de tempo. No contexto da compressão de áudio, a taxa de bits se refere à quantidade de dados que são usados para armazenar um segundo de áudio. Quanto maior a taxa de bits, maior será a qualidade do áudio, mas também maior será o tamanho do arquivo.

Tanto o MP3 quanto o AAC suportam a taxa de bits constantes (CBR), mas também utilizam a taxa de bits variáveis (VBR) com a finalidade de otimizar a qualidade do áudio em diferentes partes da música sem comprometer a qualidade sonora.

Quando comparado, o AAC geralmente oferece melhor qualidade de áudio em taxas de bits mais baixas do que o MP3. Isso é possível devido à técnica de codificação utilizada pelo AAC, que permite que as frequências mais baixas do áudio sejam mantidas em um formato de alta qualidade, enquanto as frequências mais altas são comprimidas em um formato de menor qualidade.

Compatibilidade

Outro fator importante a se considerar ao escolher entre MP3 e AAC é a compatibilidade. Ela se refere à capacidade de um formato de áudio ser reproduzido em diferentes dispositivos e plataformas.

O MP3 é um formato de áudio amplamente suportado e é compatível com a maioria dos dispositivos e plataformas. Isso significa que os arquivos MP3 podem ser facilmente reproduzidos em smartphones, tablets, computadores e outros dispositivos de áudio.

O AAC, por outro lado, é menos compatível do que o MP3. Embora o AAC seja suportado por muitos dispositivos e plataformas populares, nem todos os dispositivos de áudio suportam o formato AAC. Isso pode limitar a capacidade de reproduzir arquivos AAC em certos dispositivos, o que pode ser considerado um ponto negativo.

Qualidade sonora

Embora ambos os formatos sejam projetados para oferecer compressão de áudio eficiente sem comprometer a qualidade sonora, eles diferem entre si. Em termos de qualidade de áudio, o AAC é geralmente considerado superior ao MP3.

O MP3 é um formato de áudio que oferece qualidade sonora decente em taxas de bits mais altas. No entanto, o MP3 pode apresentar problemas de qualidade sonora em taxas de bits mais baixas, especialmente em músicas com muitos instrumentos e sons complexos.

Isso ocorre porque a compressão do MP3 pode remover informações importantes de áudio nessas situações. Já a técnica de compressão DFT do AAC é capaz de preservar mais informações de áudio.

Além disso, o AAC também pode ser capaz de comprimir sons de alta frequência melhor do que o MP3. Isso ocorre porque o AAC pode manter informações de áudio nessas frequências de forma mais eficiente do que o MP3, o que ajuda a manter a qualidade sonora final.

No entanto, é importante notar que a qualidade sonora final depende de muitos fatores, incluindo a qualidade do áudio original e a taxa de bits escolhida para a compressão.

Número de canais

O formato de transmissão MP3 suporta até dois canais de áudio, geralmente chamado de “áudio estéreo”. Ou seja, ele permite que uma música seja ouvida em dois canais, um para o canal esquerdo e outro para o canal direito, criando assim uma sensação de espacialidade sonora. No entanto, o formato MP3 não suporta formatos multicanais, como 5.1 ou 7.1, que são utilizados em filmes e vídeos que possuem mixagens de áudio mais complexas.

Por outro lado, o AAC (Advanced Audio Coding) pode suportar até 48 canais de áudio, incluindo formatos multicanais, como 5.1 e 7.1.

Qual formato utilizar na transmissão de uma rádio online?

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A BRLOGIC recomenda aos seus clientes, a utilização do formato AAC para transmissões estéreo, e em bitrates de até 64kbps. Ou seja, se você irá transmitir em 32kbps, 48kbps ou 64kbps, opte pelo AAC. Para estas situações, a qualidade do áudio utilizando AAC tende a ser superior do que o mesmo bitrate em MP3.

Já para bitrates de 96kbps, 128kbps e 192kbps, ou para transmissões mono, recomendamos MP3. Nestas situações, a diferença na qualidade de áudio é imperceptível; então considerando o fato de que o MP3 tem compatibilidade maior com players e aplicações, é mais vantajoso utilizá-lo.

Conclusão

Como vimos nesse texto, existem diversas diferenças entre os formatos de áudio AAC e MP3, como a técnica de compressão, qualidade sonora e a compatibilidade.

 

Ambos os formatos possuem vantagens e desvantagens, e cabe às emissoras escolher o formato que melhor se adapte às suas necessidades.

Fonte : Luiz Silveira ( marketing digital )  & Luis Matias ( web designer e mídia )

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